Faz muito tempo, depois de ver o filme As ligações perigosas, com a soberba Glenn Close e o inimitável John Malkovitch (parece que ele é de origem croata!), cismei de comprar o livro para relê-lo. Ainda havia o Cine Acaiaca, em edifício homônimo, em Belo Horizonte. Na esquina do lado, havia a Livraria e Papelaria Tupinambás, se não me falha a memória era esse o seu nome (anda falhando mais…). Cheguei, entrei e perguntei para a balconista se havia o livro lá. O surpreendente é que mal pronunciei a primeira sílaba do nome do autor francês, (Chordelos de la Clos) e ela disse “NÃO!!!”. Com ênfase, segura de si mesma, altiva e desafiante, olhando-me com desdém. Isso se deu num período em que não podia ouvria esta palavrinha execrável: “não”. Imagina só ouvi-la de uma balconista de livraria, que sequer se mexeu do lugar, nem piscou! Abriu a boca e soltou o “não”. Fiquei, obviamente furioso, possesso e, quase cuspindo, disse a ela que eu a invejava. Ela se desmontou e, arregalando os olhos, perguntou quase humilde: por quê? Daí foi a minha vez de devolver o desdém! Respondi: porque você sequer se moveu do lugar para dizer que não, o que demonstrra que você tem memória invejável, sabe o título dos livros e os nomes de todos os autores cujas obras são vendidas pela livraria, incluisve o de Chordelos de la Clos, autor francês de séculos atrás, um dos epígonos do famoso roman épistolaire, gênero narrativo muito difundido entre os séculos XVII e XVIII. Ela não teve tempo de sequer processar a pergunta. Dei-lhe as costas e fui-me embora. Ai Deus… como eu era estressado… Penso que dois anos aos pés dos Balcãs, depois de certa iniciação, nos trópicos mesmo, fizeram com que eu revisse certas atitudes e começasse a acreditar que a saúde é mais importante.
Bem, o “causu” não era minha motivação. O que ocorre é que a lembrança desse episódio fez com que eu pensasse no sentido e no destino de certas coisas. Daí a dúvida: quando a gente digita um texto e erra, a gente pode facilmente corrigir… Santa invenção, o tal de computador. Quando o texto não é mais necessário, a gente o apaga, ou, no jargão do “informatês”, “deleta” (sabia que vem do latim deleatur?). Daí o tal de arquivo vai para a lixeira do computador. Pois bem. Quando a gente faz a limpeza do disco rígido e apaga os arquivos que estão na lixeira, para onde é que eles vão?
Ó dúvida cruel…
7 respostas para “Dúvida”
Zé, amado!
Eu que naummmmm queria ser essa pobre balconista!!! O filme…ah esse filme, xáprálá. Que bom saber que tb tem dúvidas de um BIOS rsrs.
Beijuuss n.c.
Rê
P.S. Adivinha quem vou conhecer ao vivo e a cores nessa sexta??? Tô quiném mininu quando vai pró parque de diversões rsrs
Pois olhe que não foi só a pobr coitada da balconista que sofreu meus achaques de estresse e mau humor. Mas graças ao cloridrato de sertralina (durante dois anos) e depois à conscientização (até hoje e sempre!), não há mais vítimas!
Estou rosamariamortinha de inveja de vocês duas…
Ai que saudade…
Ai que vontade…
beijinho
😉
PS: você já me explicou, mas eu esqueci, o que significa B.I.O.S?
ZéLu, mio cuore, a livraria mudou de nome: chama-se – pasme! – Good Book (pobre língua portuguesa!…) E as atendentes já estão mais , digamos, treinadas para atender, mesmo sem entender. Têm a boa vontade de procurar, pedem para a gente escrever os nomes. Como você pode ver, tudo melhora um pouco: as atendentes e nossas neuroses (kkkk). Quanto à lixeira, nunca pensei nisso. Pois é, para onde vai??? Mistério sherloquiano… Se descobrir me conte. Muchos besos
Graças a Deus podemos mudar não é mesmo?!
Adorei o papo-risada ontem!
beijinho
Ai que bom saber!
😉