Viçosa 2

 

Um retumbante sucesso: do bom senso, da inteligência, da liberdade, do coleguismo (em seu melhor sentido). Uma celebração completa e profunda do significado pleno da palabra SIMPÓSIO. À memória de Platão (Aristóteles observava, incólume, qual sombra refrescante!): Guimarães Rosa, Adolfo Caminha, Machado de Assis, António Lobo Antunes, Aluísio Azevedo, Camões, Pessoa, Júlio Ribeiro, Al Berto, Rap brasileiro, Teolinda Gersão, José Saramago, Harold Bloom… um time estelar de nomes e textos entre tantos outros. Aplausos merecidos e prazer intelectual de quilate elevado. Este, um breve resumo do “I Simpósio Internacional Literatura, Cultura e Sociedade”. Gerson Luiz Roani, coordenador do evento, meu ex-aluno, amigo e agora colega, já prometeu o segundo e, quiçá, o terceiro… Parabéns pra ele! Parabéns e parabéns! Dois dias e meio de alguma coisa que ainda causa prazer, que faz ter sentido a uma prática cada vez mais fugidia: o prazer intelectual, sombreado (desta vez não tão refrescantemente assim…) pela dúvida, em nada e por nada cartesiana, mas existencial. Conhecer Ana Paula Arnaut e Ângela Faria, rever Leonardo Mendes e Márcia Morais e Sandra Erickson e Carlos Reis e Luiz Maffei e Emerson Inácio e Ivete Walty. Rir das expressões, verbais e faciais, do coordenador; observar a plateia – de dois lados: no meio dela e da mesa… Uma efeméride de que fiquei honrado por participar. Valeu a pena, porque a alma não era pequena e não foi pequena. Rodrigo, Renato e Felipe, exemplares em seu aplomb de assessores; os alunos da graduação em sua performance dedicada. Em suma: um sucesso!

Enquanto isso, prendiam no Rio de Janeiro mais um traficante “famoso”. E chamaram de “herói” o militar que, sozinho, negou a propina (estamos no Brasil, não em Portugal!) oferecida pelo traficante. Há que se revisitar dicionários e enciclopédias e ler um pouco mais de Literatura para redesenhar este conceito: herói. O traficante vai ter tratamento vip, como soe acontecer nos trópicos, tristes trópicos de Lévi-Strauss… O que dizer? Não sei onde, no mesmo intervalo temporal, um homem foi acusado de roubo. Algumas latas de atum e azeite roubadas. Sentença: prisão de um ano, por não ter comparecido ao julgamento. Motivo: o “réu” não tinha carro, pegou um “ônibus” que meteu-se num imenso congestionamento – como se isso fosse alguma novidade! – e chegou apenas duas horas depois do horário da sessão. A juíza, irada, lavrou o auto de detenção, inflexível, argumentando “desrespeito à autoridade”. Que país é esse???

Em foro doméstico, uma tia reluta em não ir visitar a irmã internada. Motivo: o tratamento requer certo isolamento para que a patologia psíquica, tratada com medicação modificada, seja possivelmente diminuída em seus efeitos. Confusão, tensão e, foro íntimo, mais melancolia… Não se pode ficar impassível ou impermeável, diante dos efeitos do tempo, do depauperamento do corpo, da idade…

No jornal, anunciam que Teresa Cristina, a vilã (bola da vez?) vai assassinar outra personagem… Mas esta sobreviverá. Uai… Tem gato na tuba. Se ela “assassinou”, como a vítima sobrevive? Não seria melhor ter escrito que ela “tentou assassinar”? Não seria mais “correto”? Talvez isso exija esforço físico que ultrapassa a combalida inteligência da população nacional, mais preocupada com a celebridade instantânea e fugaz, o “fashionismo” (pobreza linguística), a vantagem… Na sombra do adagiário: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei…”. Mais não digo… por hoje!

PS: abro mão do direito de gastar meu tempo com qualquer comentário acerca de datas cabalísticas…

4 respostas para “Viçosa 2”

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