Não sei o que fazer com ele. Aos vinte anos, quase vinte e um, ainda não parece ter definido o que deseja da própria vida. As horas passam, os dias se vão, e a ladainha é a mesma. Um silêncio de esfínge e um olhar vago como o de um oráculo que não deseja revelar seu segredo. Aos vinte anos, eu á queria sair de casa. Não sabia bem como, mas o desejao latejava insatisfeito… Mas isso é um pleonasmo… Neste período, era comum sonhar que estava numa sala de espetáculos. O show termina, cai o pano – expressão deliciosamente perfeita, em sua explicitude visual. Todos se levantam e aplaudem, Eu, no entanto, era o único que estava nu: motivo de vergonha, embaraço e, às vezes, acabava de dormir molhado…
De outra feita, como eu era nadador, também foram muitas as vezes que sonhei que, na virada dos cinquenta metros, na minha especialidade, nado de costas, eu não conseguia sair da água. Quando fui atleta – amador, coisa que os “ atletas” de hoje não sabem reconhecer, porque não fazem ideia do que seja praticar esporte pelo prazer de praticar esporte. Quase ninguém se preocupava em ganhar dinheiro, antes de tudo e acima de qualquer coisa – o tempo passa… Pois a falta de ar, na virada dos cinquenta metros, me deixava sem fôlego e eu acordava, angustiado, claro.
Mais comum ainda era o sonho em que eu corria desesperado na beira de um precipício, fugindo de alguma coisa, de alguém, que me perseguia. Jamais soube quem era meu persecutor… Ui, que palavra difícil!
Mais tarde, já com alguns anos rodados, e bem rodados, comecei a sonhar com ruínas, ou ruelas sujas, escuras e úmidas. Sempre à entrada de um casario confuso, de onde não conseguia sair. Não faz tanto tempo assim que comecei com esses sonhos…
O mais estranho de tudo isso é que na última quinta-feira sonhei que tinha morrido. Uma sensação de leveza, torpor e medo, tomou-me enquanto eu me via subindo, subindo, no famigerado corredor de uz, acima dos corpo. E ao chegar em algum lugar – não ouso inventar um nome ou, mesmo, utilizar um dos mais comuns, sob pena de falsear a sensação ainda nítida – comecei a chorar. Não sabia bem porque, mas vi algumas pessoas queridas que já desencarnaram e chorava, copiosamente. Sentia um misto de alívio, medo, prazer e temor. Sem possibilidade de definir exatamente em palavra a experiência…
Freud usou a mesma fonte etimológica para cunhar os conceitos de “trauma” e de “sonho”. Em Português, essa sutileza se perde, mas em alemão… Ainda bem que não tive de aprender alemão para ler Freud. Melhor ainda é saber que ainda sou capaz de me lembrar de alguns sonhos…
2 respostas para “Dúvidas e sonhos”
Não conseguiria escrever uma mensagem para cada um, mas querendo que receba meu carinho e gratidão por mais esse ano de amizade e convivência deixo aqui meus desejos
Quisera
neste Natal
armar uma
árvore dentro do
meu coração e nela
pendurar, em vez de
presentes, os nomes de
todos os meus
amigos. Os amigos de longe e
os de perto. Os antigos e os mais
recentes. Os que vejo a cada dia e os
que raramente encontro. Os sempre lembrados
e os que as vezes
ficam esquecidos. Os
constantes e os intermitentes.
Os das horas difíceis e os das horas
alegres. Os que sem querer magoei ou,
sem querer me magoaram. Aqueles a quem
conheço profundamente e aqueles que me são
conhecidos apenas pelas aparências. Os que pouco
me devem e aqueles
a quem muito devo. Meus
amigos humildes e meus amigos
importantes. Os nomes de todos os
que já passaram pela minha vida. Uma
árvore de raízes muito profundas, para que
seus nomes nunca mais sejam arrancados do
meu coração. De ramos muito extensos, para que
novos nomes, vindos de todas as partes, venham juntar-se
aos existentes. De sombra
muito agradável, para que nossa
amizade seja um momento de repouso,
nas lutas da vida. Que o natal esteja vivo em cada dia
do ano novo que se inicia, para que as luzes e cores da vida
estejam presentes em toda a nossa existência e concretizem, com
a ajuda de Deus, todos os nossos desejos. Feliz Natal!
Feliz Natal!
Feliz Natal!
Feliz Natal! Feliz Natal!
QUE A HARMONIA, O SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE E COMPAIXAO, O RESPEITO E AS ALEGRIAS DESSA ÉPOCA DO ANO SE SOLIDIFIQUEM NO MAIS PURO AMOR, ENCHENDO DE LUZ TODOS OS CORAÇOES…
E QUE ESSA LUZ ALCANCE TUDO E TODOS… MUITA PAZ!
Com amor
Regina
Lindo poema! Obrigado! Faço minhas, as suas palavras! beijinho 😉
https://foureaux.wordpress.com