Sensível, delicado, mas escuro demais… será de propósito? O inconsciente pode pregar peças como essa, mas a narrativa é como a conclusão de um conto que bem poderia se aproximar de outro, “Aqueles dois”, do Caio Fernando Abreu. O clima se identifica por momentos, só por momentos. Colocar dois homens maduros na cama, trocando carícias, não deve ter sido trabalho assim tão simples, há o peso do preconceito, os estereótipos, o discurso subliminar que, sempre, vai surgir como olho d’água. Ah… o olho, desde o começo da narrativa, quando um faz a comida; o olho da câmera: no filme antigo, na observação das pedras azuis e do cristal pendurado na porta – na hora da despedida e, mais ainda, na observação da folha, o olho de um dos protagonistas para o “nada” na metáfora da janela… Bonito!
Vale a pena ver! Adianto que minha intenção passa longe do desejo de convencer alguém sobre qualquer coisa. de fato, a peça cinematográfica fala por si e faz pensar. Bem… Pelo menos aqueles que abrem espaço na existência para exercitar o cérebro, em lugar dos músculos, ainda que exercícios “físicos” sejam famigeradamente anunciados como alguma coisa que faz bem à saúde…
Recebi um link para ver este filme. Os créditos estão ao final da peça. Se o acesso foi livre, penso não estar infringindo nenhuma lei se conseguisse colocar este curta metragem aqui. Como a “Claro” não permitiu que eu o fizesse, reproduzo o texto que recebi dando notícia do “curta”. Bom proveito:
Depois de Tudo (2008), filme de Rafael Saar
Por Marlon Dias *
Em 2008, Rafael Saar apostou na simplicidade para compor um roteiro cinematográfico que pudesse ser produzido em poucas semanas. Estava no último ano do curso de Cinema da Universidade Federal Fluminense quando pensou em roteirizar a história de personagens identificados pelo ineditismo na representação dramatúrgica até aquele momento: os homossexuais com mais de 60 anos.
A ideia deu origem ao delicado “Depois de Tudo” (2008), curta-metragem vencedor de alguns prêmios, dentre eles Melhor Filme Estrangeiro no UNCIPAR – Jornadas Argentinas de Cine y Video Independiente e Melhor Roteiro do Festival de Cinema da Diversidade Sexual de Fortaleza. O filme fala sobre a cumplicidade entre dois amantes, interpretados por Nildo Parente e Ney Matogrosso, que se encontram às escondidas no apartamento de um dos personagens.
2 respostas para “Depois”
http://youtu.be/P-SUhuosP5g Aí está o link, do youTube. Vi e me apaixonei. Pura poesia, principalmente para quem está na meia idade, como eu, e tem a diversidade na alma. Obrigada por compartilhar, meu amigo. Beijos. Angel
Mas não é mesmo uma lição de delicadeza?