There is a pleasure in the pathless woods,
There is a rapture on the lonely shore,
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar:
I love not man the less, but Nature more,
From these our interviews, in which I steal
From all I may be, or have been before,
To mingle with the Universe, and feel
What I can ne’er express, yet cannot all conceal.
Os versos acima são de Byron, poeta que, em língua inglesa, consegue expressar alguma coisa de indizível. Freud chamaria “estranho”, Lacan nomeia de “desejo”, alguns filósofos – ao longo do tempo – chama de verdade. Mas ainda não nasceu ser humano capaz de concluir a busca de expressão disto. Não existe, portanto, uma verdade absoluta, definitiva. Os versos do poeta dizem por si o que o ser humano é capaz apenas de experimentar, viver, sentir, perceber, mas não falar. Estranho paradoxo. Este mesmo paradoxo é o que enovela Francesca e Robert, na trama de As pontes de Madison, filme que Clint Eastwood dirige e protagoniza, ao lado da impecável Meryl Streep. Não consigo encontrar adjetivo que diga o que penso dela a não ser este: impecável. Revi o filme, chorei mais uma vez, claro. Podem dizer que é piegas. Que seja. A beleza da história fala por si. A verdade do enredo não deixa sombra de dúvida. O resto é apenas opinião. Ao final desta outra sessão, pensei em traduzir o poema… quem sou eu! Os versos do começo aparecem já no final do filme, quando, em retrospecto, ouve-se voz de Francesca, lendo seu próprio diario para os filhos que devem decidir se cremam ou não o corpo da mãe e se jogam as cinzas ao lado da ponte que ela escolher, a ponte onde ela percebeu que amava Robert, ainda que o amor a tenha feito esposa e mão, sem qualquer dúvida. Ainda vou tentar traduzir o poema…
Uma resposta para “Sensibilidade”
Há um trecho no segundo capítulo – Delírio… – de seu novo livro, no qual você descreve essa mesma sensação, não é verdade? Imagino as caminhadas ao longo da praia, “Uma lembrança. Memória. No bater das ondas contra a bancada de areia, movimento natural (…), que se vê traduzido em prazer único, sozinho, isolado, inigualável”.
Também adoro The Bridges of Madison County e, como você, sempre choro quando a mão de Francesca segura a maçaneta, represando a dor, fazendo a escolha solitária, que não pode ser expressa em palavras.
Dois chorões. Coisa de gente que delira. Beijinhos. Angel