Era pra ter sido na sexta-feira. Será que foi porque foi 13? Sexta-feira 13? Dizem que é dia de má sorte. Que não se deve passar embaixo de escada. Trocar de caminho se cruzar com um gato preto. Essas coisas de crendice popular… Vai saber… A minha sexta-feira treze foi muito boa, reveladora, um encanto. Viagem de retorno no tempo. Andei num piso submerso por mais de três séculos e que há quase cinco foi construído… Ui! Antes do tour começar, descendo pela Coimbra medieval, ou “cidade monumental” como chamam aqui, parei para visitar a torre de Almedina. A única sobrevivente dos mais de 700 anos de idade da cidade. O prédio foi restaurado e conta com uma maquete que vai se iluminando ao sabor da narrativa dos fatos da História da cidade. Não fiz nenhuma foto desta porta, porque basta estar on line para acessar o Google e pronto, já está!
Pois foi assim… Depois de ter tentado comer o bacalhau com natas n’O casarão, saí a andar pela cidade, aproveitando o dia luminoso, a temperatura mais que agradável e o céu azul, de um azul que eu ainda não vi igual… O Sr. Carlos, dono do restaurante se negou a fazer o tal bacalhau e ofereceu-me outro: Bacalhau a Brás (é feito com ovo e batas fritas. É gostoso, mas fiquei com gosto de quero mais na boca e na alma! Fui ao mosteiro de Santa Clara, conhecido como Santa Clara-nova. Isso porque a história começa no outro mosteiro que ainda está aqui, também chamado Santa Clara, mas desta feita, Santa Clara-velha. Uma coisa mais que esplendorosa. Dona Mor, uma dama da corte em priscas eras, mandou construir Santa Clara-velha, pois ficara viúva e recolhera-se à vida religiosa. Mais tarde, por conta das constantes inundações, já entre os séculos 15 e 17, manda construir Santa Clara-nova. O antigo mosteiro fica então submerso por mais ou menos três séculos, período após o qual é (re)descoberto por escavações já no/do século 20. Hoje o sítio arqueológico é conservado, explorado e cuidado pela Câmara Municipal de Coimbra e uma espécie de ong que leva o nome do Mosteiro. Paga-se uma ninharia (penso que deveria ser mais!) para entrar e usufruir dos espaços: museu, sala de projeção com um documentário sobre a História do sítio, visita às ruínas e um café mais que charmoso em que trabalha a Imê, uma brasileira de Belo Horizonte, já com acentuado sotaque lusitano…. Uma aula de cultura que os atuais “turistas” nem sonham em fazer… Não sabem eles o que perdem, gastando seu dinheiro nos centros de compras ou quejandos… A Rainha Santa fez um milagre destacado: transformou pães em rosas e foi uma mulher de notável caridade e senso comunitário. Diz a “lenda” que ela acordava suas aias no meio da noite e as mandava iluminar o caminho de entrada no palácio para que o rei, seu marido, voltando das “noitadas” (inclusive com outras mulheres), não se perdesse… Vai vendo… Uma santa!
Em tempo: li hoje no banheiro da Tasquinha da Paulita: “Não jogue papéis ou outros objectos na sanita (leia-se vaso sanitário, privada). Use os devidos recipientes para o efeito (?). Carregue o autoclismo (dê a descarga)”. Delícia!