Diário coimbrão 38

O brasileiro detido em Timor Leste vai passar por exames para despistar o resultado de doença contagiosa. O texto da notícia era quase literalmente este. O que me chamou a atenção foi o verbo “despistar”. Usamos este verbo no sentido de tirar a atenção, confundir.  iludir, atrapalhar. Aqui ele é usado no sentido de “eliminar”. Num grande círculo semântico, não faz muita diferença, mas…

Já na pensão em que me hospedei em Évora, o aviso na casa de banho (=banheiro, reservado, wc) dizia: “Não deite pensos higiénicos ou outros objectos na sanita”. “Pensos” por papel higiênico é mais que bom.

Foi nessa terra cheia de detalhes mesmerizantes, pela beleza e pela História que guardam, que experimentei dois pratos alentejanos de encher os olhos, a barriga, o coração e a alma: bochechas e cachaço de porco. Pelo nome, pode não parecer bom, mas cada um deveria passar por esta experiência para avaliar. É de comer ajoelhado e até passa mal, como quase passei… Quem mandou eu ter o olho um pouco maior que a barriga, de vezem quando, pelo menos… Uma delícia!

Pois é… Depois de muitos dias sem aparecer por aqui, não quero deixar acumular mais tempo e perder mais detalhes pela fraqueza mnemônica que me acomete, now and than… O périplo dessa vez começou na quarta-feira, assim que pus os pés em Évora. Que cidade encantadora! Conservada em suas muralhas. As que guardam a importância de sua História e a beleza de sua existência: com a comida e o vinho alentejanos incluídos, por suposto. Na sexta-feira, sem fazer nada, passeei pela cidade de Coimbra, uma vez mais, e “descobri” o Palácio de Justiça, com seus painéis de azulejos que contam um pouco da História e, uma vez mais, homenageiam Camões, sobretudo no capítulo excelso do amor proibido de Pedro e Inês. Sim, a de Castro!

As fotos são muitas, falam por si. Vou coloca-las aqui com uma legenda. Os comentários, bem… desta vez, deixo por conta da imaginação de cada um…

Então vamos lá…

A cama verdeNa porta da pensãoVista direita da janela da pensãoVista esquerda da janela da pensãoNa janela da pensão

De cima pra baixo, da esquerda para a direita: a cama verde, eu na porta da Pensão Policarpo (recomendo, apesar de a água quente acabar muito rápido), vista da cidade desde a janela do quarto e euzinho… antes de começar a caminhada do segundo dia.

Altar or da Sé de ÉvoraAs torres da SéClaustro da Sé de Évora 1Claustro da Sé de Évora 2Cúpula da SéDiante das ruínas do temploNo claustro da SéRuínas do templo de Diana à noiteRuínas do templo de DianaRuínas do templo vistas dos LoiosSé de ÉvoraTemplo visto dos LoiosVista à direita da torre da SéVista à esquerda da torre da SéVista ao fundo da torre da SéVista desde o terraço dos LoiosVista do terraço dos Loios

As torres da Sé não são iguais e são três (se se considerar a “cúpula”, que mais se parece uma torre – claro, o estilo “gótico” assim o pedia…) A vista da cidade e linda e “Loios” é o nome pelo qual é conhecida a Pousada e o Palácio que estão no mesmo espaço das ruínas do Templo de Diana (à noite, ele fica, ao mesmo tempo, lúgubre e lindo!). Na verdade, o Palácio é o dos Duques de Cadaval.

Altar mor igreja do SalvadorCâmara Municipal e Igreja do SalvadorCapela Santo CristoIgreja de  Pobre Sr. JesusIgreja de Santo AntãoIgreja dos LoiosLateral da igreja do SalvadorN.Sra. do Rosário na igreja dos LoiosTermas 1Termas 2Termas 3Sobre a igreja do Salvador

De cima pra baixo, da esquerda para a direita: o altar mor da igreja do Salvador e os balcões da Câmara Municipal (onde se encontram as ruínas das termas romanas). Destes balcões foi anunciada a primeira República Portuguesa. O espaço é o “coração” da História e da cidade. Os altares: N.Sra. do Rosário, de Pobre Sr. Jesus e Santo Antão estão cobertos de ouro… de onde mesmo?

ArcoEntrada Colégio do Espírito SantoFaisão no Jradim do ParqueFim de tarde no GiraldoInterior da capela dos ossosPátio do Colégio do Espírito SantoPórtico da capela dos ossosPorto da RaimundoRuínas  Parque da cidadeSobre a capela dos ossosUma viela com ruínas de ÉvoraZé Dias e eu Detalhe do pórtico da capela dos ossos

Há ruínas por todo lado, como o arco bem ao lado da porta do Raimundo, uma das muitas que são parte da muralha da cidade e a do Parque da Cidade, onde vi um faisão, assim… bem à vontade… Do mesmo modo, à vontade, me senti caminhando pelas vielas antiquíssimas da cidade, mesmo quando entrei no majestoso Colégio do Espírito Santo (dos jesuítas) que hoje abriga alguns cursos da Universidade de Évora. “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”, é o que se lê no pórtico da capela dos ossos, que faz parte da Igreja de São Francisco (majestosa, em reforma). Colunas e teto recobertos de ossos para mostrar a quem entra a fugacidade da vida e o destino de toda a humanidade: o pó. Bem haja, São Francisco e sua humildade absoluta! Por fim, uma experiência que todo mundo deve fazer, comer no “Quarta feira”, restaurante de comida regional típica do Alentejo, sob a batuta do José Dias (não é o do Machado de Assis… nem de longe!). Uma revelação por preço mais que módico. O restaurante não tem ementa (=cardápio). O cozinheiro/dono, José Dias, é quem decide o que o cliente vai comer. Isso depende, única e exclusivamente do humor dele. Uma delícia! Divertidíssimo! Vou colocar mais comentários no TripAdvisor.

Cantiga sob um painelInscrição painel 1Inscrição painel 3Jardim interno Palácio de JustiçaPainel 1Painel 2Painel 3Painel camonianoPainel do Palácio de Justiça 1Painel Rainha SantaVitral Palácio de Justiça

Por fim, sem seguir ordem alguma, os instantâneos do Palácio da Justiça de Coimbra (Domus iusticiae). Uma construção portentosa, quase esquecida no trecho final da Rua da Sofia, que está entre as construções que constituem o portfólio da cidade, candidata ao título de patrimônio da Humanidade. Penso que merece. A austeridade arquitetônica propicia a plena realização de sua similar jurídica, enfeitada que é pelos painéis de azulejos com cenas Históricas, curiosidades da cidade, o capítulo  de Inês de Castro (como já referi) e cantigas medievais. Vale a visita, e muito!

E assim se foi mais uma semana. Agora faltam apenas 38 dias! E Sevilha vem aí!

2 respostas para “Diário coimbrão 38”

  1. Que merda! Toda vez tenho que solicitar uma senha para postar comentário. Ela vem por SMS, mas hoje não veio, de novo. Deixo o comentário aqui. “Por que Sevilha vem aí? Vais lá também? Mas que sucesso essa viagem. Lindeza a tal de Évora. Imagino o que seja caminhar sobre a História… Vais voltar gordinho e terás que “malhar” muito para perder a deliciosa comida estra. Beijinhos. Angel Face” Fui.

  2. Ângela, dear, desiste de vez desse tal de código, relaxa, desestressa… Larga pra lá. Continua respondendo por e-mail que eu recebo do mesmo jeito. Não tem o menor problema. Amanhã começa mais um périplo lisboeta: cinco dias inteiros lá, na capital, que delícia. Depois, o intervalo de um dia e a ida para Sevilha, onde passo a Semana Santa… sonho antigo! Promete.
    Boa semana e fica com Deus!
    beijinho

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