Diário coimbrão 46

No fim, tudo dá certo. Se não deu certo é porque ainda não é o fim.

Com esta frase, mais ou menos literal, a personagem de Judy Dench (esplendorosa, como sempre) termina o filme The best exotic Marigold hotel. Uma delícia de filme passado na Índia. Uma delícia! Um libelo a favor da melhor forma de aproveitar a vida depois dos 60. O homem que vai em busca do reencontro do amor de sua vida (Tom Wilkinson), que deixou no passado depois de um escândalo moral e descobre que seu amigo jamais deixou de ama-lo e que, com a mais absoluta sinceridade, contou tudo à mulher com quem se casou. Tal sinceridade leva a personagem vivida por Judy Dench a rever o sentido do casamento (depois de enviuvar) e ceder à oportunidade de um novo romance com um companheiro de viagem (Bill Nighy) que, por sua vez, vive a crise de um casamento a que se sempre foi leal e ao qual sempre tratou com amabilidade, apesar do rancor, da negatividade de sua esposa (Penelope Wilton). O jovem gerente do hotel (Dev Patel), na verdade o dono, por herança, do empreendimento, vence a resistência e enfrenta a mãe que quer se desfazer do empreendimento e obrigar o filho a viver com ela em Nova Deli e a fazer um casamento de conveniência. O solteirão desajeitado (Ronald Pickup) que ferve de desejo, mas que sempre se achou impotente e incompetente com as mulheres: no final, encontra uma companheira e com ela revive seus “momentos de alegria”. E a solteirona (Celia Imrie) por opção (“Não minha opção”, diz ela) que resolve investir em seus próprios encantos, uma vez mais. Pode-se dizer que se trata de uma comédia romântica, sem “romance”, no sentido mais estreito do termo. Essa comédia conta com uma atriz que dispensa comentários: Maggie Smith, fazendo a solteirona que trabalhou como governanta e que, depois de ensinar tudo o que era importante sobre a família a quem dedicou a maior parte de sua vida àquela que viria a ser sua ajudante, é dispensada. Amargurada, é ela que acaba por “costurar”, com sua experiência – a travessia da amargura e do rancor em direção à generosidade e à fraternidade – as micro narrativas de que se compõe a “história do filme. Uma delícia de filme, com interpretações impecáveis, o colorido luxuriante da Índia, a dose adequada de dramaticidade a envolver as personagens e a trilha sonora delicada e agradável. Uma experiência que me surpreendeu nessa tarde cinza (depois do susto do Aldo indo parar na emergência, noite passada) e molhada em Coimbra, em mais um dia desta cerimônia do adeus… Chuvas em Abril, águas mil, é como dizem por aqui, na Península.

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Faltam só sete dias! E passam dos 20000 os que já passaram os olhos por meu blogue: bem haja!

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