Vai se enganar quem está esperando por um texto que fale de dinheiro, de numismática ou de economia e quejandos… Engano redondo. Redondíssimo. A metonímia aqui é por conta de expressão popular já há muito desgastada, em que pese sua permanência no sentido prático de quase tudo: “toda moeda tem dois lados”. Cara ou coroa, par ou ímpar, preto ou branco, claro ou escuro, doce ou amargo… y tako dalje!
Deito falação por conta de dois filmes que acabo de ver, em seguida. Um, aparentemente produzido para a televisão. Não sei quem dirigiu, não sei quando foi feito, não conheço nenhum dos atores que nele trabalharam. O nome que o canal de televisão anuncia é Bom dia, Ramón! (Guten tag, Ramon, no original). A história gira em torno de um rapaz mexicano que, seguindo uma dica de um amigo se manda para a Alemanha, em busca da meia irmão do amigo que se surpreende quando recebe o telefonema de Ramon. A tal meia irmão jamais aparece. Os dramas vividos por Ramos ao chegar em solo alemão, sem saber uma única palavra do idioma de Goethe, sem dinheiro, sem documento, sem conhecer ninguém. Ao ser escorraçado por um morador de rua, tem em sua defesa uma senhora idosa que lhe dá abrigo. Ela mora num prédio pequeno com outros idosos aposentado que vivem da seguridade social (na Alemanha!!!). Entre eles há um morador que não gosta do rapaz alemão. A convivência entre Ramon e o grupo de idosos vai aprofundando. Ele é um tipo faz tudo no prédio e todos se tomam de carinho e atenção. Até que um dia ele é preso porque foi denunciado pelo velhote que dele não gostava. A senhora que o abrigou por primeira vez resolve enviar todas as suas economias para ele. O rapaz, já em sua terra Natal, sorri de felicidade pois, enfim, vai poder cuidar melhor da mãe e da avó!.
O ouro filme se chama Sully, no original. Na tradução tropical, acrescentaram um aposto “o herói do Rio Hudson!. Uma dessas bobagens que, na cabeça de alguns tapados, chama mais audiência. O nome do piloto basta para o drama que se desenrola. Piloto experiente pousa forçadamente nas águas do Rio Hudson, na altura de New Jersey e sai ileso, juntamente com os 155 passageiros e a tripulação. Foi considerado um milagre. Sem muito exagero na dose de empáfia e moralismo, o diretor consegue mostrar a tensão do drama do piloto que se vê objeto de “investigação” que soa falsa, forçada e recheada de segundas, terceiras e quartas intenções. É só ver o filme para ver.
Dois filmes. Duas histórias. Duas atitudes. Duas vidas. Duas experiências humanas. Os opostos se explicitam e as duas faces de uma mesma moeda se consolidam…. Basta ter olhos de ver… Perfeito seria poder ver essas películas num CINEMA. Mas já não os há, desafortunadamente. Hoje existem apenas as famigeradas salas de projeção de shopping: com todos os estereótipos: bilheteiras automáticas, a pipoca, o refrigerante, a falta de educação da plateia… uma chatice. Resta ver pela televisão, pela internete ou em dvd…
Uma resposta para “A moeda”
Filmes por vezes nos surpreendem. Contam histórias reais, mesmo que as histórias não sejam tão inteligentes. Alguém sempre pensa em algo em que ainda não pensamos, pois não?