Pra não dizerem que saí sem “abanar o rabo”… Volto em dez dias!
Intervalo
Que raras deusas têm escutado —
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?…
Quem te disse tão cedo?
Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?
Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?
Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?
Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca —
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.
Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”

5 respostas para “Pausa pequena”
Sentirei falta do telefonema semanal. Mas… é por uma boa viagem, que é o que lhe desejo. Beijinho.
Pra não dizer que não o vi sair sem “abanar o rabo”… aguardo-o por dez dias, meu querido amigo! kkkkkkkk Até mais e boa viagem! Abraços PS: Belíssimo poema do Pessoa!
Até a volta! Bom final de semana! Que bom que gostou do poema! ABraço
Até a volta! Bom final de semana! Que bom que gostou do poema! ABraço
Como sempre Fernando Pessoa é genial ! Ótima e tranquila viagem de ida e volta !