Domingo no parque

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Li agora, de novo, uma frase atribuída a Churchil que diz: “Se você está atravessando um inferno, continue atravessando”. Faço duas considerações. A primeira diz respeito ao uso do pronome indefinido “um”. No discurso encerrado pela assertiva, esse pronome diz tudo, apesar de ser indefinido. Ele demonstra cabalmente que não um (numeral) inferno, mas vários. Sartre dizia, se não me equivoco, que “o inferno são os outros”. Ora, o cálculo de quantos “outros” há, ou poderá haver na vida de alguém, é impossível. Então, não há discussão: existem mais que um inferno. A segunda consideração se volta para a ideia de movimento. A frase indica que se deve continuar “atravessando”. Ora, o gerúndio é um modo verbal que denota exatamente isso: o movimento. Por outro lado, se se parar pra pensar, caso o sujeito que atravessa um inferno resolva parar por não conseguir suportar a travessia condenar-se-á a si próprio à eternidade infernal. O ato de continuar atravessando apresenta, ao menos, um opção: a de sair desse inferno, exatamente porque o atravessou. De mais a mais, se a Filosofia ensina, entre outras coisas, o significado de “moral”, deve-se chegar obrigatoriamente, à concussão de que insistir na travessia não é erro nem ignorância, é sabedoria: o gerúndio pode levar à solução. Essa pequeníssima digressão se deve ao fato de eu não conseguir aceitar a atitude de parte do funcionalismo público do Estado de Minas Gerais, quando, anteontem, “fecharam” importante rodovia da cidade, em nome de uma manifestação contra a decisão do governo do mesmo Estado em parcelar o 13º salário de 2018 e o restante da folha de pagamento ainda do ano passado em onze parcelas. Esta situação, a meu ver, revela uma e única coisa: a imbecilidade da atitude que se assemelha à daquele que resolve parar de atravessar o inferno circunstancial. Um: Impedir o direito de ir e vir é crime. Dois: o responsável por esta situação, anterior ao atual governo, é exatamente o governo imediatamente anterior – poderia até dizer que são os governos anteriores, mas o meu intuito é um tanto mais humilde no desenvolvimento desta argumentação que se quer consequente e lógica. Três: é até admirável o fato de o atual governo ter feito a proposta que fez e ter se mostrado decidido a fazer cumprir o que prometeu. Quatro: quer me parecer recoberta de lógica a atitude de se aceitar a proposta, em vista da absoluta falta de alternativa concreta. Cinco: o que é melhor, receber parcelado, ainda que demore, ou não receber? Bem. Isso tudo me faz pensar que estamos vivendo, creio que em todo o planeta – em que pese as recorrentes, ainda que raras, manifestações de atividade, decisão, proposta, invenção, modificação positivas – de difícil travessia. Um inferno. Há quem diga que isso faz parte de um processo de expurgo de males que se foram acumulando ao longo dos séculos desde que esse mundo apareceu no sistema solar. As variações deste tema são inúmeras e não me sinto preparado para discorrer sobre qualquer uma delas. Faço apenas referência. Quem quiser que vá buscas as fontes, as informações; vá fazer a pesquisa e chegar às conclusões. Isso, me parece, ainda é possível, sem ter que se pagar um tributo para além da necessidade. Bom domingo!

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