Fim de Outono
De que adianta ler,
se o que é lido
não lê o mesmo
quando eu leio?
De que adianta escrever
Se o que vai escrito
Não escreve o que escrevo,
Mas outra coisa?
É como contar as ondas do mar, em sequência,
Como no filme
Em que o homem sonha com a liberdade
Que sabe, não terá.
E ainda sim pula,
Qual borboleta sem asas,
Agarrado ao catamarã de sonhos e palavras
Que do penhasco observou, sem
Saber como dizer ou escrever.
Um sonho perdido, de que serve
Se o que vejo
Não vê o que é,
Por mim visto.
Ai, o que a liberdade faz com o que fica pra trás.
O que o sonho não realiza
e o desejo dinamiza.
Ai, a tristeza de ver passar os dias,
depois de outros dias,
Sem que haja a mínima esperança e um novo dia,
Em que algo
de diferente,
de fato, aconteça, um dia.
Ai, a dor de quem fica a lembrar
não de quem foi,
mas do que teria sido se não fosse e,
ainda assim,
não para de pensar e lamentar.
2 respostas para “Exercício”
Indagações que sempre nos acompanham!
Adorei
Pois é: muito do que sinto e me angústia está aí. O que fazer? Viver os dias e suas eternas contradições, até que chegue o momento final. Beijo.