Uma preguiça enorme… Então, resolvi apenas mostrar o início de meu novo livro que tem por título provisório: Nem tudo corre como num romance. Aí vai:
“O texto que aqui começa pode ser lido, no mínimo, de três maneiras. A primeira delas, a óbvia, é a que vai levar você da primeira até a última linha – se tiver paciência e interesse para tanto –, na sequência em que aqui vai exposto, desenvolvido. A segunda é o oposto. Você começa do fim para ver o que acontece. A terceira, fruto de seu arbítrio, é aleatória: você vai escolhendo que capítulo ler antes e depois de outro. Eu sei, eu sei. Não precisa fazer esse ar de enfado e desdém. Como se eu tivesse a intenção de ser original. Não sou. Julio Cortázar já fez isso. O romance Jogo de amarelinha (na tradução que li – 1994, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira –, Rayuela, no original) tem uma advertência similar e propõe algo parecido. Reconheço. Porém, jamais anunciei que eu seria original. Sabe por quê? Porque acredito que não haja mais essa tal de originalidade. Aristóteles foi original. Outros filósofos anteriores, contemporâneos a ele e até posteriores também o foram. Na Idade Média há alguns outros. Depois, a dificuldade só aumentou. Mais alguns passos na cronologia do pensamento humano, a tal de originalidade praticamente deixa de existir. Por isso, não sou original e não pretendi sê-lo. Desculpe se o decepcionei, leitor, acabando com qualquer possibilidade de você fazer uma crítica mordaz, acirrada e galhofeiramente sarcástica, a respeito deste meu livro. Mas fica aí a proposta. De qualquer maneira, penso eu, valeu o esforço. Se consegui chamar sua atenção e fazer com que você sinta uma pontinha de curiosidade, minha satisfação já é suficiente. Gratificante que foi a escrita para esse fim.
Lembre-se, há uma história sendo contada. Ainda que não pareça!
O autor”
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